O caos de ser mãe de pre-adolescentes

10:00

 


Minha filha está com onze anos e entramos faz alguns meses na temida fase de ebulições hormonais por aqui. É um momento delicado que nos tira a todos um pouco dos eixos, um período de muitas mudanças, e como toda mudança acaba desestruturando e desorganizando tudo.


A gente se acostuma com os filhos de um jeito, estrutura a rotina de uma determinada forma e tudo vem abaixo. Ok, nem tudo, mas bastante coisa sai do lugar nessa fase. Mudam os gostos, os hábitos, o humor. O que antes eles amavam agora não querem ver nem perto (e vice versa).

Não é fácil para nós, mães e pais, lidarmos com esse turbilhão todo. Hormônios a flor da pele geram alterações bruscas de humor e "do nada" o que estava bem fica mal. Um "eu te amo", seguido de um revirar de olhos, junto com um "ai que saco", que pode levar a um "eu te odeio" ou pular direto para um "eu te amo" novamente. Confuso, caótico, e as vezes desesperador.

Ou seja, para além do desabafo, precisamos falar sobre como lidar com as mudanças que ocorrem nessa fase e como a organização pode fazer parte disso.

Uma boa maneira de começar é entendendo que é uma fase e que é uma fase particularmente importante em que as antes crianças começam a experimentar novas maneiras de ser e buscam sua identidade. Muitas vezes isso acontece com o desejo de pertencimento em novos grupos e rompendo com o que reconhecem como infantil (incluindo o grude com os pais).

Muitas vezes nós pais esquecemos que é uma fase, que tem uma influência fisiológica nisso tudo, e acabamos encarando como uma provocação pessoal, embarcando em discussões intermináveis. Respirar fundo e dar um tempo para que eles possam se acalmar pode ser uma boa estratégia. Reconhecer que é difícil também para eles e compartilhar que tem sido difícil para você pode também ter um bom efeito de conexão.

Uma outra dica é ter uma rede de apoio. Outros pais que estejam passando pelo mesmo que você podem ajudar tanto no momento de desabafar quanto para te fazer perceber que não é algo só com você e que faz parte dessa fase.

Mas existem também empecilhos práticos na rotina e nos hábitos da casa e da família, ou seja, no seu dia a dia. E por mais que estivesse tudo em ordem, parece que de repente vira tudo do avesso. Antes de se desesperar, tente seguir os passos a seguir:

  • Revise sua rotina para tentar flexibilizar as atividades e horários. Pode ser que nessa fase eles mudem os horários de acordar, experimentem mais (ou menos) disposição e queiram tentar novas atividades. Permitir um certo espaço para essa experimentação pode ser interessante e isso vai exigir ajustes no planejamento. 
  • Observe as suas necessidades e da criança. Você pode precisar encaixar um momento sozinha para lidar com todo o turbilhão e eles podem precisar de um tempo também. Busque perceber os novos gostos sem questioná-los, demonstrando interesse para poder compreender o que tem motivado as mudanças. Isso pode te ajudar a se conectar e ajustar sua comunicação e estratégias que vão te economizar bastante tempo.
  • Aceite que os imprevistos serão rotina. Como é um período de mudanças, não adianta querer engessar a rotina (nunca é uma boa estratégia aliás). Quando a gente já não tem expectativas de seguir o que planejou, o que vier é lucro, não é verdade? Acolha esse momento para torná-lo mais leve. 
  • Estabeleça novos hábitos em conjunto. Evite determinar regras rígidas principalmente no que diz respeito a rotina de atividades deles. Estruturem juntos essa rotina, deixe que eles digam como querem fazer (dentro dos limites seguros, claro).

Cada jovem é único e cada família tem suas particularidades, então o mais importante é se manter atento ao que é possível e necessário, promovendo escuta e acolhimento tanto para ele quanto para si mesma. 

Ah, tem outra coisa que ajuda...lembrar de como era na sua época, das loucuras que você fazia, do trabalho que dava a seus pais (converse com eles aliás, se ainda tiver essa oportunidade). É um bom exercício de empatia.

You Might Also Like

0 comentários