Como nos afetamos pela organização do outro
15:00Quando eu publiquei o último post sobre vida leve e privilégios, recebi de uma amiga no whatsapp um comentário que me inspirou a escrever o post de hoje. Sobre como as diferenças de cada um e a maneira de cada um se organizar e ser produtivo interfere nos relacionamentos.
Na hora de escrever o título desse artigo pensei em outras maneiras, porque nos afetamos mas isso depende também do quanto nos deixamos afetar. E podemos ser afetados na verdade pelo jeito do outro se organizar e ser.
A partir dos nossos privilégios, ou na falta deles, interagimos com o mundo. Temos nossas prioridades, rotina e modo de funcionamento que é bem particular e nos diferencia das pessoas a nossa volta.
Mas ao mesmo tempo, ao interagir em um mesmo contexto que o outro, estamos sujeitos aos mesmos prazos e pressões. O que nos leva a acreditar que esse contexto, por ser o mesmo, vai gerar a mesma reação em quem está envolvido. A questão que normalmente gera os conflitos, então, é que lidamos com isso tudo de maneiras diferentes.
Uns se irritam mais, outros se sentem mais inseguros, uns tomam a frente, outros aguardam um momento mais tranquilo. E nessa rede, vamos gerando expectativas...
É, as expectativas muitas vezes nos afastam de perceber a realidade que se apresenta. Esperamos que o outro seja como nós, sinta como nós, e esquecemos que ele é atravessado por sua história e uma realidade completamente diferente da nossa.
O que é prioridade para mim pode não ser prioridade para você. O tempo que eu preciso para realizar uma atividade muito provavelmente não é o tempo que você precisa para realizar a mesma atividade.
E se a organização, pelo menos como eu acredito, deve ser pessoal e individualizada, consequentemente, a sua organização é completamente diferente da minha. Porque então eu iria supor que você faça algo do mesmo jeito que eu? Ou ache óbvio o que seria a melhor forma de lidar com um problema?
Quantas brigas e desgastes nós criamos por conta disso? "Mas era pra você ter colocado a roupa pra lavar!", "Como assim você vai deixar pra estudar na véspera da prova?", "Porque você não se manifestou?", ou qualquer outra frase que permeie suas relações em momentos de divergência.
Um pedido comum que eu recebo aqui na Avesso do Caos é como fazer as pessoas a sua volta entenderem a importância da organização e a praticarem no dia a dia. E diante do que eu falei aqui nesse post anteriormente e do que eu acredito em relação a organização, minha resposta é: não faz!
Você não tem o poder de controlar o que as pessoas a sua volta fazem ou deixam de fazer. Cada um na verdade pode é se responsabilizar (na melhor das hipóteses) pelo que faz e lidar com as consequências disso. Se o jeito do outro te incomoda, não é ele que precisa mudar, é você. Para ou parar de se incomodar, ou se afastar dele, ou criar uma estratégia para que a relação funcione para você sem precisar exigir a mudança do outro.
Não tem jeito certo e jeito errado de lidar com os conflitos ou com os impactos da organização (ou falta dela) no outro. Tem o jeito possível para você dentro dessa relação, consciente do que acontece ao seu redor e de suas limitações.
Eu poderia então te dizer que com empatia você pode resolver boa parte dos conflitos, entendendo o lugar do outro e suas questões, o que o faz ser como é. Seria uma tentativa de dica ou solução aparentemente simples para a questão desse post. Mas a verdade é que nem todo dia a gente está disponível emocionalmente para exercitar empatia e a gente precisa respeitar isso também. Nesses dias mais difíceis, exercite a empatia em si mesmo, se acolhendo, respeitando seus limites e se permitindo encontrar o melhor caminho para si.
Se você cuidar da sua organização e deixar de encarar o caos como um problema a ser eliminado, eu sei que as coisas vão se tornar mais leves.
Comenta aqui embaixo se fez sentido pra você e como você lida com quando o jeito do outro interfere no que escolheu pra você.
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