Leituras e aprendizados 2024
10:00Em 2023 eu li apenas 6 livros, o que para mim é muito pouco. Era um sinal de que eu não estava me priorizando. Assumi comigo mesma o compromisso de retomar bons hábitos em 2024 e a leitura foi um deles, o que me fez finalizar ao todo 22 livros.
Foram vários assuntos diferentes e como eu sei que vocês gostam de saber se eu gostei, se indico ou não, vim compartilhar um pouco o meu olhar sobre eles no post de hoje.
Esse ano eu li mais livros de ficção (faziam anos que eu não lia nenhum, aliás) e foi uma ótima pedida alternar os estilos. Os de ficção que eu li:
- Sobre os ossos dos mortos (Olga Tokarczuk) - foi o primeiro do ano e ganhei de um amigo no aniversário do ano anterior. Achei esquisito, uma realidade meio diferentona demais pro meu gosto. Mas é um livro super premiado, um suspense que aborda a questão da relação do homem com a natureza, enfim, tem algumas reflexões importantes, mas não me pegou muito.
- Olhos d'agua (Conceição Evaristo) - contos curtos que abordam a pobreza, o racismo e a violência abordando visões de mundo pouco abordadas de uma forma potente e importante. Mexeu comigo, valeu a leitura.
- Fahrenheit 451 (Ray Bradbury) - a história de um futuro distópico onde os bombeiros queimam livros em uma sociedade em que eles são proibidos. Me surpreendeu muito a época em que foi escrito e o quão atual as reflexões ainda são. Um livro empolgante que eu não conseguia parar de ler. Massa. Fiz até um video pro canal, mesmo sendo uma ficção, assiste que você vai entender.
- Corpos secos (Luisa Geisler, Marcelo Ferroni, Natália Borges, Samir Machado) - a visão e história de quatro personagens que estão vivendo um apocalipse zumbi no Brasil. Totalmente inesperado, intrigante e interessante para refletir sobre momentos de crise. Recomendo super.
- Frankenstein (Mary Shelley) - um clássico, que eu nunca tinha lido, imagine. Me pego em alguns momentos o estilo de escrita mais descritivo que deixou a narrativa mais lenta, mas por outro lado me fez refletir muito sobre quem são os verdadeiros monstros, sobre empatia, enfim. O nome do livro é o nome do doutor e não da criatura e o grande lance é refletir quem dos dois é o monstro da história.
Li também alguns livros que misturam a vida real dos autores com alguma questão pessoal que se amplia para o social, como:
- Como enfrentar o ódio (Felipe Neto) - me surpreendi positivamente com a escrita que retrata um período sombrio do país e a história de vida do autor e como isso tudo se mistura com um olhar criterioso sobre a extrema direita. Acho um ponto de partida importante para reflexões sobre a regulamentação da internet e como ela pode ser manipulada por grupos extremistas.
- Meus desacontecimentos (Eliane Brum) - um mergulho na vida dessa escritora incrível e como a escrita foi e ainda é uma peça importante na sua existência. Eu sou suspeita porque gosto bastante da escrita da Eliane que consegue ser ao mesmo tempo leve e profunda.
- Ainda estou aqui (Marcelo Rubens Paiva) - li depois de ter visto o filme maravilhoso inspirado nele. Vale super a leitura, pois o filme é apenas um recorte de um universo muito maior de reflexões sobre a vida da Eunice Paiva e sobre a memória (dela, da família, do horror da ditadura, do Brasil). Maravilhoso como o filme.
- Trinta segundos sem pensar no medo (Pedro Pacífico) - eu já conhecia o bookster, leitor que compartilha suas leituras e eu sigo nas redes sociais. Mas foi muito gostoso conhecer o ser humano, sua história, suas questões com sua identidade, sua família, sua sexualidade, suas relações. E no meio de tudo isso, os livros.
- Desacelera (Gabriela Brasil) - fiquei na dúvida se encaixava ele aqui, mas acho que é importante o papel da vivência da autora no que ela apresenta sobre a importância do descanso, da pausa, de viver uma organização e produtividade mais humana, se colocando no centro. Sou suspeita porque sou amiga dela e amo tudo o que ela faz, além do mais, tudo que ela aborda tá bastante alinhado com o que trago aqui. Vai sair resenha em vídeo em breve no Youtube, já se inscreve pra saber mais.
E então os livros de desenvolvimento pessoal, abordando temas individuais e coletivos nos aspectos que envolvem ser humano.
- Não pise no meu vazio (Ana Suy) - a ideia é boa, mas achei cansativa a leitura. Poderia estar em ficção, mas como a autora tem propriedade para o tema, achei melhor colocar aqui. Os contos abordam temas importantes e promovem algumas reflexões sobre as relações, mas acabam ficando como recortes sem muito alinhavo, pelo menos pra mim não funcionou bem, não me cativou.
- Vamos conversar (Elisama Santos) - um livro mais curtinho resumindo algumas práticas importantes para melhorar a comunicação nas relações. Sou fã da Elisama desde seu primeiro livro e leio tudo que ela escreve, sempre atenta, com empatia, compartilhando saberes e espalhando a comunicação não violenta como uma alternativa para nossas relações.
- Toda ansiedade merece um abraço (Alexandre Coimbra Amaral) - gosto muito do jeito dele escrever, que conversa com a gente de uma maneira clara e empática. É um tema importante que ele aborda de diferentes aspectos e que pode ajudar bastante a lidar com a ansiedade e se acolher melhor. Eu fiz um video sobre ele que vale a pena ver.
- Escute teu silencio (Petria Chaves) - eu confesso que o peguei pra ler com expectativas muito altas e isso me prejudicou na leitura. Eu imaginei que seria uma construção mais fluida mas ela segue fragmentada uma vez que em cada capítulo a autora, que é jornalista, compartilha reflexões sobre entrevistas com personalidades que ela questiona sobre os temas do livro. De qualquer forma, gera bastante reflexões, tanto que fiz um vídeo sobre ele.
- O sentido da vida (Contardo Caligaris) - confesso que gerei muita expectativa por ter gostado muito do Cartas a um jovem terapeuta, mas esse não me pegou tanto. Possui reflexões importantes sobre temas filosóficos, ilustrados por episódios particulares e da sua atuação clínica, mas acho que poderia ter tido um aprofundamento maior.
- O direito a preguiça (Paul Lafargue) - não é um texto de fácil leitura mas considero importante no debate político sobre o trabalho e o descanso principalmente em tempos de discussão sobre a escala 6x1. Me ajudou aganhar perspectiva, mas não recomendo muito, sugiro esse vídeo do Tempero Drag que explica bem direitinho
- A exaustão no topo da montanha (Alexandre Coimbra Amaral) - o livro é muito gostoso de ler e mexeu muito comigo principalmente pela forma como foi escrito. No livro é a Exaustão que conversa com a gente. Ela vai falando sobre como é que ela se sente ao nos ver subindo a sua montanha o que torna tudo mais pessoal e conecta bastante, fazendo refletir. Acho importante nesse debate sobre a sobrecarga e o aspecto social disso tudo. Fiz um video sobre ele também, vai ver.
- Como ser um educador antirracista (Barbara Carine) - apesar do livro ter sido escrito para educadores, acho que ele vale para qualquer pessoa que viva em uma sociedade racista como a nossa. Acho o trabalho da Bárbara incrível e acompanho tudo que ela faz pelas redes sociais.
- Descolonizando afetos (Geni Nuñez) - descobri essa autora maravilhosa na faculdade o que me ajudou a quebrar o olhar colonizador dos saberes acadêmicos. Geni, como mulher indígena e psicóloga aborda os relacionamentos e os afetos por uma perspectiva plural e explica como a colonização nos fez acreditar na monogamia como verdade única inquestionável, provocando adoecimentos. Esse livro eu demorei um pouquinho a mais pra ler porque fui aos poucos e por ser uma perspectiva diferente da que estamos acostumados, o que demanda uma quebra de preconceitos.
- Futuro ancestral (Ailton Krenak) - um livro também da perspectiva dos povos originários dessa vez sobre a relação com o mundo e a natureza e a proposta de ver a vida de maneira mais fluida como são os rios. O livro é curtinho, mas particularmente não me pegou muito.
E li alguns livros mais técnicos relacionados a aplicação prática da psicologia, escrito para psicólogos.
- Em meio a tempestade (Ticiana Paiva) - uma reflexão importante sobre como lidar na clínica com casos de sofrimento extremo, desastres e tragédias individuais e coletivas e como ser apoio para as pessoas em sofrimento de maneira responsável.
- Do desabrigo a confiança (Bilê Sapienza) - já é o segundo livro que eu leio dessa autora e todos os dois foram maravilhosos e me ajudaram muito a compreender o olhar da fenomenologia para o sofrimento humano e como o processo terapêutico nessa abordagem pode ser potente.
Ufa, é isso. Essas foram as leituras de 2024, o que acharam? Já leu algum desses, concorda ou discorda do que eu disse aqui? Coloca nos comentários!
Você já pode ir acompanhando nos destaques do Instagram as minhas leituras de 2025 e pode me indicar novas leituras também que eu vou amar!
E se você quer incluir esse hábito na sua rotina usando a organização como uma ferramenta para uma vida mais leve e produtiva, agenda uma sessão pra gente conversar.
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