Organização e Adoção - Entrevista com Aline Santana (Mundo da Adoção)
05:00Eu falo bastante por aqui sobre Organização e Maternidade mas percebi que nem sempre abarco todos os caminhos para a maternidade. Nessa véspera de dia das mães convidei uma amiga querida psicóloga e conhecedora profunda do tema adoção para falar sobre uma maternidade para além do parto.
Eu conheço Aline a uns 20 anos (fui fazer as contas e tomei um susto, aliás!) quando trabalhamos juntas na nossa formação anterior em tecnologia. A amizade que surgiu no trabalho ultrapassou as fronteiras e hoje nós duas continuamos trocando figurinhas nas nossas mais recentes formações e escolhas. Ela foi aluna de minha mãe no curso de Psicologia, sua segunda formação e minha mãe é só elogios para essa mega profissional que ela é e sempre foi aliás!
Te convido a mergulhar no universo da adoção nessa minha conversa com Aline, uma Analista de Sistemas que virou Psicóloga pelo amor a causa da adoção, mãe de Miguel, idealizadora do espaço @mundodaadocao no instagram. Hoje ela atua como Psicóloga Infantil, Adulto e demandas relacionadas a Adoção. O seu foco de estudos é nos vínculos entre pais e filhos e na parentalidade consciente. É especialista em Psicanálise Clínica, com formação em grupos terapêuticos e é voluntária dos Grupos de Apoio a Adoção NASCOR e Imensidão de Amor.
Vamos às perguntas (e fica a vontade para deixar as suas nos comentários também):
1) Aline, pra quem não te conhece, conta um pouquinho sobre você e o seu trabalho.
Vamos lá! Eu sou uma analista de sistemas que virou psicóloga por conta da adoção. Apesar de profissionalmente estar em contato com a adoção desde 2012 ela já faz parte da minha vida desde antes, quando eu acompanhei adoções feitas próximas a família. Justamente por estar em contato com a adoção desde cedo é que eu achava, e ainda acho, muito chato que as pessoas considerem que crianças adotadas tenham a índole ruim ou que vão crescer e seguir o destino dos seus pais de origem.
Depois de um tempo como analista de sistemas, eu tive o desejo de fazer algo que fizesse mais sentido que fosse um legado que deixasse algo para o mundo, então eu resolvi fazer dessa minha paixão pela adoção uma profissão.
Depois de ter passado por instituições e ter tido contato com crianças que estão disponíveis ou não para adoção, hoje eu trabalho na clínica preparando pais que desejam adotar, dando suporte para aqueles que já adotaram e atendendo todo o público que tem relação com adoção, infância adolescência e adultez e sou também voluntárias de grupos de apoio a adoção com uma psicóloga fazendo alguns atendimentos pontuais e coordenando um equipe que escreve textos semanais sobre psicologia e adoção.
Comentário: Vale a pena seguir o @mundodaadocao no Instagram e se inscrever nos cursos que Aline promove se você tem interesse na adoção, viu?
2) Como você vê o papel da organização pessoal e familiar no processo de adoção?
Eu acredito que a organização tem um papel fundamental no processo de adoção. Pois podemos até ser pegos de surpresa com uma gravidez inesperada mas um processo de adoção é algo que requer uma ação antes de acontecer e então um planejamento para isso é essencial. Essa organização pode começar desde o processo de documentação até como se organizar em casa para receber esta criança de acordo com o perfil que se escolheu.
Comentário: O planejamento é super importante em todas as áreas da vida, tá vendo?
3) Muitas mulheres identificam o nascimento dos filhos como uma das causas para a sua desorganização pessoal, você percebe nos seus atendimentos que isso acontece também com as mulheres que passam pelo processo de adoção?
Percebo completamente, os filhos são sempre recém-nascidos sejam eles pela via biológica ou não pois aquela relação está nascendo, através daquele encontro é que ela se inicia. A entrada de um filho no sistema familiar traz um certo nível de desordem, o sistema vai precisar aprender a funcionar a partir daquele momento com mais um ou dois membros que vão precisar se adaptar um ao outro. Então é bem natural que essa desorganização ocorra principalmente nos primeiros meses.
Comentário: Olhar para a maternidade como um processo de mudanças é super importante porque nos faz perceber que leva-se um tempo para nos adaptarmos a nova realidade.
4) Como é a sua relação com a organização? O quanto ela interfere no seu trabalho?
Eu considero que antes da maternidade meu planejamento era aquele que era redondo. Depois da minha maternidade eu tive que começar aprender a lidar com a gestão dos riscos, porém ainda sigo uma linha de organização, o que ajuda muito no meu trabalho. Nesta pandemia os papéis acabam se misturando em alguns momentos e eu precisei conviver com isso. Para quem olha de fora às vezes a forma com que eu me organizo pode parecer um caos, mas funciona e eu consigo cumprir as minhas tarefas em tempo hábil rs.
Comentário: A pandemia mexeu com a rotina de todo mundo (eu fiz até uma série de posts aqui para ajudar a lidar com isso, clica aqui pra ver). Cada um precisa encontrar seu jeito de manter a organização, mas é legal quando se refere a espaços comuns principalmente que exista uma lógica em que todos consigam se achar viu?
5) Para quem pensa em adotar que conselhos você daria para lidar com esse processo com mais leveza?
A adoção precisa partir do desejo de maternar e paternar e isso precisa estar claro em quem quer entrar na fila. Um ponto importantíssimo é investir numa preparação de qualidade. Eu chamo de uma preparação de qualidade aquela em que você não só se informa mas que você usa a informação para refletir sobre algumas questões, crenças e limitações que você possa ter quando essa criança chegar. Ler sobre adoção, sobre desenvolvimento Infantil, participar de grupos de apoio, cuidar das suas dores antes da criança chegar mergulhando num processo de autoconhecimento e buscar uma ajuda especializada, de preferência com um profissional que entenda as nuances da adoção, para dar suporte desde o processo de pré adoção até o pós com a chegada das crianças.
Muito bom hein? Espero que tenha gostado do papo! Eu adorei! Se quiser ouvir mais a gente falando sobre a relação entre o processo de adoção e a organização, assiste a live que fizemos juntas sobre "como se organizar para a adoção"
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