As coisas não são como você quer e isso pode ser bom

Você planeja, organiza, se prepara, mas nada sai como você havia imaginado, dá tudo errado e você se desespera? "Onde foi que eu errei?" ou "Porque justo comigo?" são perguntas que a gente acaba se fazendo nessa hora como se o mundo fosse acabar e tivessem acabado de tirar o chão abaixo de nós. O que fazer nessas horas?

Muita gente nessa hora desiste da organização e do planejamento pensando que não adianta "tanto esforço pra nada". E é aí que mora o perigo. O perigo na verdade começou antes, ao acreditar que a organização poderia te salvar de situações como essas, te dando controle do que vai acontecer no futuro caso tenha se empenhado o suficiente. Se você ainda pensa assim, eu preciso te dar a notícia ruim de que esse é um dos tantos mitos relacionados a organização.

A organização não te ajuda a fazer as coisas serem como você quer. Esse controle do futuro não existe. O que a organização faz é te ajudar a lidar com o que vier, seja a concretização dos seus planos ou seu desmoronamento e reerguida.

Aceitar isso é o primeiro passo. Entender que as coisas não vão ser sempre como você quer e que isso pode ser bom é super importante para evitar frustrações maiores que te paralisem. Um mundo previsível seria extremamente chato, acredite. E o caos pode vir para o bem se você souber tirar dele aprendizados.

Nas consultorias, ao final do processo, muitas clientes ficam apreensivas sobre como manter a organização sem mim, com medo de voltar ao que eram antes. Eu sempre garanto que não vão voltar exatamente para o mesmo lugar de desorganização. E sabe porque eu posso garantir? Porque o aprendizado está lá para lembrar que foi possível organizar uma vez então será possível retomar novamente. Os sinais também vão ficar mais claros e provavelmente vão facilitar uma ação antecipada. Percebe o que eu quero dizer? É nessa segurança que a organização te ajuda a lidar com o que vier.

Mas e o que fazer então quando as coisas não são como a gente quer? O melhor a fazer é aceitar e refletir sobre o que é possível no momento. Não adianta muito ficar se martirizando pensando na hora sobre onde erramos. Na hora a gente faz o que dá, se vira rapidamente buscando alternativas viáveis, novas estratégias e possibilidades.

Aí, depois, com tudo mais calmo, sim, é possível revisar suas escolhas e tirar aprendizados do que aconteceu. Pensar se algo poderia ter sido antecipado, previsto ou algo do tipo. Não pra se martirizar, mas pra planejar melhor da próxima vez. Que pode não funcionar novamente, aliás, porque não há garantias de nada nessa vida.

Eu digo que as coisas não acontecerem como a gente deseja pode ser bom porque sempre vai gerar aprendizados. Mas também porque normalmente a gente não tem a visão do todo e algumas coisas acontecem com a gente para despertar nossa atenção para algo que estávamos ignorando.

Vou te dar um exemplo de algo muito ruim que aconteceu comigo que se tornou muito bom. Se você me acompanha a mais tempo vai lembrar da minha fratura no tornozelo em 2018. Era o primeiro dia de um feriadão em que tínhamos feito vários planos, eu estava com muitos projetos para a Avesso do Caos em fase inicial de desenvolvimento e planejando uma possível transição de carreira (ainda trabalhava no mundo corporativo).

Foi um balde de água fria quando descobri que ficaria parada por 4 meses e teria que passar por um longo processo de cirurgias, fisioterapia e reabilitação. Eu reaprendi a andar, literalmente. Foi muito difícil lidar com o caos daquele dia e dos que se seguiram. Organizar como lidar com as demandas da casa, da minha filha, da Avesso do Caos, do trabalho.

Fiz o que sugeri aqui nesse post, aceitei e fiz o que podia no momento. 2018 acabou sendo pra mim um ano importantíssimo. Eu me recuperei, criei novas estratégias pra Avesso e saí de vez do mundo corporativo. Eu despertei para a importância de cuidar de mim e do meu corpo e sou uma pessoa completamente diferente depois de tudo o que aconteceu comigo.