Como a maternidade mudou a minha vida

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Se você é mãe, ou convive diariamente com uma, sabe que a maternidade vira a vida da gente de cabeça pra baixo e acrescenta uma dose extra de caos ao nosso dia a dia. Ser mãe não é um papel fácil e foi lendo e escutando histórias reais de outras mulheres que eu pude encontrar e acolher o meu jeito de ser mãe. Hoje eu resolvi compartilhar a minha história para engrossar o caldo e reforçar que estamos juntas nesse caminhar.

Eu nunca me imaginei sem filhos. Eu falava que queria ter dois e que fossem meninos porque achava que menina dava muito trabalho e mais gastos. É, eu era essa pessoa cheia de teorias malucas e preconceitos.

Eu planejei a gravidez com antecedência, fui a médica, comecei a tomar ácido fólico, parei com o anticoncepcional e, por ter usado o remédio a vida toda, a médica me disse que provavelmente demoraria uns 6 meses pelo menos para engravidar. Fiz as contas para o nascimento acontecer em Junho, época de clima mais ameno no Rio de Janeiro, e comecei a fazer planos.

Eu tinha uma visão romantizada da maternidade e achava que saberia instintivamente o que fazer. Não me preocupei com o fato de ficar sozinha por quinze dias após o nascimento até minha mãe poder vir de Salvador pra me ajudar. Achei que iria adorar receber as visitas e mostrar meu bebê lindo para o mundo. Montei o quarto lindo do jeito que eu tinha sonhado, fiz um enxoval lindo, chá de fraldas e não queria de jeito nenhum que ninguém falasse em dar mamadeira, eu ia amamentar.

Eu engravidei na segunda menstruação após a retirada do anticoncepcional (ao contrário do que estimava a médica) e Clarice (sim, uma menina) nasceu dia 16 de Março me mostrando que as coisas não seriam exatamente como eu havia planejado.

Meus pais vieram para o nascimento que aconteceu em um sábado. Minha mãe voltou segunda-feira para Salvador. Meu pai ficou mais uma semana. Tive alta na terça, mas Clarice não veio pra casa comigo. Ela precisou ficar na UTI até sexta feira sendo acompanhada pois teve uma queda na taxa de glicose. Eu tive dificuldade para amamentar, o leite demorou a sair (depois deu tudo certo e jorrava como uma cachoeira) e precisei dar complemento.

Parecia que a vida estava me testando. Tudo estava saindo diferente do que eu tinha planejado. Eu me sentia a pior mãe do mundo, um fracasso. Quando ela veio pra casa eu achei que ia melhorar, mas na segunda feira sem meu pai e com o marido já tendo voltado ao trabalho eu estava sozinha e desesperada sem saber o que fazer pra lidar com o choro da minha filha. Eu chorava junto. Eu comia com ela no peito, ia ao banheiro com o bebe conforto junto e virei um zumbi. Não conseguia dormir porque tinha que dar o peito e a mamadeira (por causa da queda de glicose tinha que garantir que ela estava se alimentando), colocar pra arrotar, e quando tudo isso terminava eu tirava o leite com a bomba, higienizava a mamadeira e já estava na hora quase dela mamar novamente.

As visitas diziam que ela era linda e perguntavam se não era maravilhoso ser mãe e eu dizia "não é fácil, minha filha é linda e eu amo ela demais, mas eu tô acabada". Foi um período difícil de adaptação. Clarice estava aprendendo a lidar com o mundo fora da barriga e eu estava aprendendo a ser mãe. Cada mês eu ia me acostumando um pouco mais e apesar de sempre (até hoje) existirem desafios, fui conseguindo lidar melhor com eles.

Naqueles primeiros dois meses mais sombrios a parceria de meu marido, meu pai e minha mãe foram essenciais:
  • Meu pai revolucionou e  reorganizou a casa inteira pendurando tudo que podia, instalando ganchos e liberando espaço nas bancadas, me mostrando como transformar a beleza em funcionalidade e trazendo praticidade para o meu dia a dia.
  • Meu marido dividiu as tarefas, me lembrou de cuidar de mim e reforçou com muito amor nossos laços familiares.
  • Minha mãe trouxe leveza e experiência me deixando tranquila de que eu estava indo bem e me ajudou a recuperar algumas noites de sono e definir uma rotina mais saudável.

Foi essencial também ler relatos de outras mães produtoras de conteúdo sobre maternidade real com suas dores e delícias. Muitos blogs, livros e papos nas redes sociais. Isso tudo me ajudou a me encontrar na maternidade, a descobrir meu jeito de ser mãe.

Além disso tudo, o que me ajudou bastante também foi a organização:
  • O espaço organizado me proporcionou mais agilidade, praticidade e segurança
  • A estruturação de uma rotina de cuidados com a bebê (sono, banho, amamentação, estímulos sensoriais, troca e higiene) me trouxe equilíbrio e um pouco mais de tranquilidade
  • Os registros das atividades e sensações me fez aprender bastante sobre mim mesma e sobre a Clarice e ajudou a pediatra a me direcionar corretamente
  • O planejamento do retorno ao trabalho, introdução da alimentação e escolha da creche foram me ajudando a me preparar para o fim da licença maternidade.

Lá se vão mais de 8 anos e eu continuo aprendendo a ser mãe, usando sempre minha rede de apoio (que se estendeu para amigos, irmãs e escola) e a organização como fiel escudeira.  Hoje eu ajudo outras mães a descobrirem que é possível lidar com o caos da maternidade de maneira mais leve usando a organização como ferramenta e sei que só com o que eu escrevi aqui hoje eu já posso te ajudar também.

Espero que a minha história te dê forças nesse caminho. Se você se sentir a vontade de compartilhar comigo também a sua história aproveita o espaço aqui nos comentários e vamos continuar essa conversa!

E se precisar de uma ajuda mais direta na organização, vem fazer consultoria comigo!

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